01 setembro 2011

RESUMO DO LIVRO "BATISMO: CELEBRAÇÃO DA VIDA" DE ANSELM GRÜN


O livro em questão faz parte de uma coleção que explora os Sete Sacramentos, abordando-os, muitas vezes, sob a perspectiva da psicologia e da espiritualidade. Anselm Grün, monge e doutor em psicologia, é administrador da abadia beneditina de Münsterschwarzach (Alemanha). No livro, Grün, como faziam os padres da Igreja, nos mostra, com uma linguagem rica em imagens simbólicas, que significado pode ter para nós o batismo, o melhor modo de celebrá-lo e de viver como pessoas livres e amadas incondicionalmente tendo por base a realidade dessa sacramento.
Na Introdução, Grün aborda a questão da nova identidade do batizado a partir daquilo que nos foi transmitido da Igreja primitiva.  Segundo ele, é a partir do Batismo que a pessoa, na Igreja primitiva, se via perante uma nova vida a partir de Cristo Jesus. Já batizados e ungidos, os neófitos eram recebidos pelos membros da comunidade e se sentiam admitidos sem preconceitos e instigados a viver uma vida significativa e plena, pois agora passavam a participar da vida de Deus, tornando-se mais humanos. A partir da indagação a respeito do batismo de crianças, Grün lança a pergunta central de seu livro: “Como podemos entender o Batismo hoje?”. Partindo dela, ele tece suas considerações.
Na primeira parte, O sacramento do Batismo, inicia dizendo que o batismo é um sacramento. Este, na antiguidade, era o juramento da bandeira dos soldados romanos. Assim, no sacramento do Batismo, a pessoa faz sua adesão por Cristo. Também cita a palavra musterion (iniciação do fiel no mistério da vida e no da morte e ressurreição de Jesus).
No Batismo de uma criança, celebra-se seu mistério em consonância com o mistério de Jesus, abrindo nossos olhos para vê-la além das perspectivas sócio-biológicas: nela Deus depositou um novo começo. Cristo age totalmente na vida da criança. Grün diz que, como a criança é limitada por sua consciência, o Batismo age também naqueles que estão na celebração (sacerdote, pais, padrinhos, familiares), revelando a criança como filha de Deus e possuidora de dignidade divina. Depois disso, o autor perpassa certos elementos do Batismo.
A água é a imagem central do Batismo. Segundo Grün possui quatro aspectos: i) é fonte da vida: com relação à forma primitiva de se batizar (o batizando entrava nu na fonte batismal), Grün ressalta a importância das fontes e dos poços, que possuem uma conotação erótica (no sentido de um amor profundo e relacional). Ou seja, na fonte batismal o amor divino nos é doado totalmente; ii) é purificadora: não só purifica dos erros do passado, mas de seu destino; iii) tem fecundidade espiritual, pois faz borbulhar em nós a fonte do Espírito; iv) tem poder destrutivo, isto é, pode causar a morte, isto é, sepultamos tudo o que nos impede de viver plenamente. Assim, no Batismo a criança troca de identidade, entrando em contato com seu verdadeiro ser. E nós passamos a tratá-la a partir do mistério da liberdade e do ser unido, o mistério da dignidade de Deus.
Por meio do relato do Batismo de Cristo, vemos que os céus se abriram depois de Ele sair das águas do Jordão. Segundo Grün, que ressalta o aspecto arquetípico da água (inconsciente), a abertura dos céus acontece também na vida do batizado, pois o céu aberto mostra um horizonte em que vivemos como cristãos e também que nossa vida se estende até Deus. Além disso, a criança em seu Batismo sente-se adotada incondicionalmente como filha de Deus. O Batismo, assim, concede direito absoluto à existência.
Depois disso, Anselm Grün apresenta as duas unções ocorridas durante a celebração do Batismo: a com o óleo dos catecúmenos, o óleo da cura, que concede a força salutar e a presença amorosa de Jesus frente às feridas futuras; e a com o óleo do crisma, que impregna em nós a identidade régia (a pessoa é livre), profética (a pessoa anuncia ao mundo algo de Deus por meio de sua existência) e sacerdotal (a pessoa é chamada a transformar a realidade humana em divina, além de interpretar a vida humana).
A vela batismal recorda o Batismo como photismos, a iluminação da criança. Ademais, a própria pessoa é convidada a iluminar o mundo a sua volta. E a roupa branca expressa a pertença da criança ao cristianismo, sua transformação interior e envolvimento no amor de Deus.
O Batismo não só mostra o que é o ser humano; ele opera uma transformação. Por meio dele, Jesus toca a criança e age sobre ela. A criança tem uma percepção inconsciente dessa ação, mas aqueles que presenciam (pais e padrinhos) passam a ter uma nova percepção do mistério da criança.
Grün ressalta a importância do Batismo nas missas dominicais, mas também acena para a celebração em pequenos círculos familiares. Para ele, integração é mais que uma inserção na comunidade paroquial; é o envolvimento da comunidade celebrante no mistério da criança e no mistério da salvação e da libertação por Jesus Cristo.
A segunda parte, A celebração do Batismo, perpassa todo o ritual do Batismo, asseverando para o fato de que os rituais nos integram de uma forma profunda entre nós e também com Deus. Por isso, Grün é a favor de uma participação mais ativa dos pais e padrinhos na celebração.
Assim, ele fala dos passos do Batismo: inquirição, em que ele defende a importância de não se usar simplesmente as fórmulas previstas pelo rito, mas perguntar pessoalmente aos pais por que eles querem batizar o filho, o que entender como batismo e por que escolheram justamente aquele nome para a criança; nome, que se torna como que um programa de vida para a pessoa, pelo seu significado; padrinhos, que muitas vezes veem sua função como uma oportunidade para o próprio crescimento na fé e uma renovação de sua reflexão sobre a fé; leituras, em que ele defende que os pais também devem refletir sobre qual texto bíblico expressa melhor para eles o mistério do Batismo; sinal-da-cruz, através do qual expressamos que a criança pertence a Deus, e não ao Estado, nem a um imperador qualquer, ou a um rei; ladainha, proposta por ela para ser feita pelos pais e parentes; imposição das mãos e unção com o óleo dos catecúmenos, na qual ele convida os pais e padrinhos a imporem também as mãos, no sentido de que a mão de Deus estará protegendo a criança, e momento em que a unção confere a cura salutar de Cristo à criança; bênção da água batismal, quando se citam os efeitos vitalizantes, purificadores, refrescantes e renovadores da água, tal como narrados pela história de Deus com seu povo e na época de Jesus; renúncia do mal, momento de os pais e padrinhos, pela criança, decidirem-se conscientemente contra a vida fútil e sem Deus que constatam a sua volta, a fim de protegê-la do mal; batismo, que insere a criança na comunidade do Deus trinitário; unção com o crisma, em que a criança se torna rei, sacerdote e profeta; roupa branca e vela, novamente desenvolvidos por ele com o sentido de transformação pessoal e iluminação do mundo; rito do Éfeta, em que se anuncia que a criança é capaz de ouvir corretamente a palavra de Deus e também de anunciá-la por sua boca; bênção, por meio do qual ele abençoa a mãe e o pai da criança, desejando que sejam abrigo, confiança, fortaleza da criança, e aos presentes.
A terceira parte, A vida a partir do Batismo, inicia apresentando a renovação do Batismo feita na festa do Batismo de Jesus e na noite da Páscoa, momento em que somos convidados a viver novamente a partir do mistério de nosso batismo. A lembrança do Batismo, do baptizatus sum, poderia significar que queremos ter certeza de que somos os filhos amados por Deus e também a certeza de quem somos. Assim, ser batizado não significa apenas viver a partir da fonte divina, mas também estar em comunhão com Jesus Cristo, ter certeza de que Ele está conosco e em nós. A água benta, tão comumente usada, deveria nos lembrar de nosso batismo, de nossa pertença a Deus e de nossa liberdade total em Cristo. Diariamente, deveríamos nos revestir de Cristo. Lembrando-nos do batismo, podemos nos sentir senhores de nós mesmos, respeitando a dignidade alheia, além de, em meio às intempéries do dia-a-dia, decidirmo-nos pela vida. 

 
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