26 agosto 2011

Vocacionados a ser Igreja


Por Thiago de Oliveira Raymundo
Aluno do 4º período da Faculdade Católica de Pouso Alegre


Agosto, mês vocacional. Nas semanas deste mês, a Igreja dedica orações por aqueles que consagraram sua vida a Deus, os padres; que servem a Deus na família, os pais; que se consagram à Igreja em uma função específica, os religiosos; e os que fazem parte do Povo de Deus e dedicam um tempo do seu cotidiano para servir a comunidade, os leigos. Todas estas situações compreendem uma vocação maior, a de ser Igreja.
            Como cristãos, batizados em nome da Trindade, somos Igreja. Fazemos parte deste Corpo, do qual Cristo é a cabeça e nós, membros, que nos esforçamos para que o Reino de Deus aconteça em nosso meio, ou seja, o próprio Cristo esteja presente em nossa história através de nosso anúncio e testemunho do Evangelho. Aí está o nosso chamado maior, que muitas vezes pode passar despercebido para muitos daqueles que se dizem católicos.
            A Igreja não se constitui apenas do Templo de pedras, mas de cristãos, pedras vivas, que, onde estiverem, levarão consigo a marca de cristãos, a de ser Igreja de Cristo. Onde está o cristão, aí está a Igreja. A nossa consciência cristã deve ter esta máxima muito bem compreendida, pois, sem o seu entendimento, as atividades pastorais e evangelizadoras esvaziam-se de seu conteúdo essencial, isto é, de ser uma ação da Igreja e iluminada pelo Espírito, tornando-se, deste modo, apenas uma ação humana, social ou política, que não satisfazem o objetivo de ser Igreja. Por isso, é sempre bom que todo fiel tenha os seguintes questionamentos diante de sua caminhada de fé: Tenho consciência de que sou Igreja? A minha vida contribui para o crescimento da Igreja?
            Além disso, a Igreja só é o que deve ser quando vive plenamente a comunhão. A "assembleia dos cristãos" somente é Igreja quando os seus membros estão unidos a uma só fé e quando, juntos, contribuem para que todos sejam um em Deus, Pai e Filho e Espírito Santo. Mas, diante disso, como lidar com as diversas pastorais, carismas e comunidades? Esta questão não deve obstruir a vida da Igreja, pois se olharmos para a sua história, percebe-se que, ao longo de sua caminhada entre os homens, ela buscou a unidade em meio à pluralidade. Há diversos carismas. Há diversas pastorais. Há diversas comunidades. Há diversas formas de evangelizar. Há muitos e diferentes membros. Aí está a riqueza da Igreja proporcionada pelo Espírito. Porém, somente são atividades provenientes do Espírito aquelas que promovem a unidade da Igreja, pois em Deus não há divisão. Deste modo, nosso esforço deve concorrer para a unidade da assembleia dos chamados à vida em comunidade. Tudo o que é feito pelos cristãos deve ser em vista do bem da Igreja. Por isso, é válido confrontar-se também com a seguinte questão: Tenho promovido a unidade da Igreja em meio a sua pluralidade?
            A força do cristão vem de Deus. É por causa do chamado Dele que o cristão, na Igreja, busca trilhar o caminho de Vida, Verdade e Salvação proposto por Jesus Cristo, que é Deus conosco. Aí está o mistério da nossa vocação e do sentido de ser Igreja. Por isso, quanto maior a consciência eclesial do cristão, maior será a sua fé em Deus. Quanto mais ele colaborar para a comunhão na Igreja, mais sinais de Deus, sementes de trigo, mesmo que diferentes, haverá neste grande terreno de plantio, a Igreja de Cristo.
            Enfim, o vigor da Igreja, mesmo diante de suas limitações e fraquezas humanas, vem do Alto, vem Daquele que é Amor. Juntos, como cristãos, somos mais fortes, pois, humildes, servirmos ao Reino de Deus, como construtores da paz, da verdade, da justiça e do amor. Portanto, a Igreja é impulsionada pela brisa leve da Revelação divina, pela mão de Cristo estendida a Pedro quando se afogava no mar da vida.
            Sejamos, pois, Igreja. Tenhamos coragem e fé de ser aquilo que Deus nos chama a ser e, assim, construiremos, em Deus, um "novo céu e uma nova terra" (Ap 21, 1).

 
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