25 agosto 2011

TEOLOGIA DA CRIAÇÃO



Por Edvaldo Ribeiro de Souza
Aluno do 4º período de Teologia - Faculdade Católica de Pouso Alegre



Para a teologia cristã, a criação deve ser entendida a partir da perspectiva mediadora de Cristo, como bem o afirma o evangelho de São João: “Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1,3), assim como São Paulo em sua carta aos Colossenses: “Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1,16).




No Evangelho de João vemos o eco do livro do Gênesis, ao dizer que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1), visto que no Gênesis Deus criou o céu e a terra por meio de sua Palavra (cf. Gn 1,1-3). Isso mostra que a criação não foi realizada a partir de algo já criado, mas foi criação a partir do nada. A menção à criação a partir do nada acontece nas Sagradas Escrituras somente

... em 2Mc 7,28, quando da exortação da mãe macabáica ao seu filho mais novo (...). A teologia da “criação do nada” originariamente foi encontrada no Pastor de Hermas. (...) teve significado apologético frente às grandes polêmicas para afirmar tanto a dependência da criação em relação ao criador, quanto para separar a ambos.

Esse princípio de criação a partir do nada, no entanto, foi desenvolvido. Hoje já se tem uma nova teologia da criação.

O contributo positivo de novas interpretações vem surgindo nas igrejas cristãs com a “nova teologia da criação”. Aí se enfatizam os princípios originais: a afirmação da ação criadora de Deus para todo existente, sua intervenção pessoal (...), a criação continuada, o resgate da criação na história salvífica e cristocêntrica, o dinamismo da história cuja ação culmina na escatologia, a liberdade e a bondade de Deus, a reverência pelo criado não-humano (animal e vegetal) (RIBEIRO, Hélcion. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?: Antropologia Teológica. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 64-65).

Jesus, o Verbo Eterno gerado desde a eternidade, ao se encarnar, é Filho de Deus e Filho do homem ao mesmo tempo. Ele “Assumiu nossa carne histórica (i.e., adâmica) para que pudéssemos ter – pela ressurreição – a carne gloriosa do Filho de Deus. Deste modo, o homem adâmico se tornará crístico na consumação...” (Ribeiro, 2007, p. 116). Só se conhece o ser humano à medida que se conhece o Cristo ressuscitado. Por isso, “O ser humano que conhecemos não vive ainda sua plenitude, sua totalidade” (Ribeiro, 2007, p. 116).
Vale lembrar que há uma diferença entre criacionismo e teologia da criação. O primeiro se detém no fundamentalismo bíblico (outrora católico, agora protestante), afirmando que Deus fez o universo tal qual está descrito no primeiro capítulo do Gênesis, sem levar em consideração a linguagem poética e mítica ali presente. A teologia da criação, por sua vez, expõe que Deus criou tudo o que existe por intermédio de Jesus Cristo, seu Verbo Eterno, como apresentado acima. Com esta, a ciência tem mais probabilidade de dialogar.



 
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