15 abril 2011

A SEMANA SANTA NA VIDA DA IGREJA


 Os cristãos sempre consideraram que a Igreja nasceu da Páscoa de Cristo. Na cruz, diz o Evangelho, Cristo inclinou a cabeça e "entregou o Espírito". Ele se manifesta vivo e ressuscitado no meio dos discípulos, e estes são testemunhas da sua presença no mundo. Por isso a Páscoa é o centro da vida e da fé dos cristãos. Todos somos chamados a participar da vida nova do Cristo ressuscitado, morrendo para o pecado e a todas as suas manifestações e consequências, e vivendo desde já como comunidade de ressuscitados. Esta é a missão da Igreja: testemunhar a nova criação que Deus iniciou no mundo, ressuscitando Jesus Cristo. Pelo serviço concreto à transformação deste mundo, colaboramos com a salvação que o Senhor vem trazer a todos. 


Para que esta obra pascal se torne sempre mais completa, a Igreja tem de vivê-la e precisa também celebrá-la como sacramento de Deus, isto é, sinal e instrumento da ação dele. Celebrando com fé e alegria a Páscoa do Senhor, temos uma profecia e início fecundo desta renovação do mundo. 
Cada domingo os cristãos se reúnem para celebrar a Páscoa. Entretanto, desde os primeiros séculos do cristianismo, o povo de Deus gosta de intensificar esta celebração uma vez por ano. A Quaresma nos prepara para este grande sacramento.
No Brasil, à celebração da Páscoa a Igreja Católica liga assunto atual, um problema que está sendo preocupante e merece a dedicação solidária e fraterna dos cristãos, para que a Páscoa celebrada realmente tome forma de transformação da morte para a vida, de situações de escravidão para a liberdade. Trata-se da Campanha da Fraternidade, que deve dar mais ênfase às celebrações pascais e nunca as diluir em mera propaganda religiosa. 
A Semana Santa merece ser vivida em clima de oração pessoal, esforço de conversão e maior dedicação fraterna. Do Domingo de Ramos até a Quinta-feira santa, completamos o grande retiro quaresmal. Com a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira à tarde, iniciamos o Tríduo Pascal da morte e ressurreição do Senhor. O cume de todas as celebrações é a Vigília Pascal na noite do sábado, madrugada do domingo. Esta Vigília se desdobra na alegria do Domingo da Ressurreição e nos cinquenta dias do Tempo Pascal, o Pentecostes sagrado, que é considerado como um único e grande domingo. 
As celebrações devem ser bem preparadas, e tanto seu conteúdo como sua forma merecem todo zelo. Não podem ser meros espetáculos litúrgicos destinados a nos comover. Não são também apenas reuniões catequéticas feitas para instruir ou para conscientizar as pessoas. Não são comemorações nostálgicas de acontecimentos ocorridos vinte séculos atrás. Cada celebração se situa como memorial do Senhor, o que é uma retomada da lembrança dos fatos antigos da salvação para viver e aplicar a eficácia atual que eles têm. É uma realização da Igreja convocada para atualizar permanentemente a Páscoa do Senhor, nos sinais litúrgicos e principalmente no compromisso de construção do Reino de Deus. Assim, a Igreja que somos nós completa hoje o que falta à Paixão do Cristo (cf. Cl 1,24).



D. Marcelo Barros, OSB

 
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